A influência do consumo de maconha pelos pais na estruturação de valores e condutas dos filhos

Artigo do psiquiatra Pablo Miguel Roig, CRM 24968, Presidente do Conselho Editorial do Instituto Greenwood , fundador e Diretor da Greenwood, clínica especializada no tratamento de dependentes de drogas, referência no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos e em Portugal

O ARTIGO

Numa publicação recente do NIDA com título “O uso de maconha pelos pais aumenta o risco do uso pelas crianças e uma visão favorável a respeito da droga”, a autora, Dra. Marina Epstein e colegas, na Universidade de Washington e na Universidade de Colorado Boulder, acompanharam 426 famílias de 2002 a 2018. Este trabalho avaliou as informações obtidas por 380 famílias que completaram as entrevistas quando seus filhos tinham entre 6 e 21 anos.
Os pesquisadores classificaram os pais participantes em quatro categorias:


os não usuários ou que quase nunca usaram maconha em sua vida;
os que usaram durante sua adolescência até a vida adulta precoce e que interromperam o uso após entrarem no meio de sua segunda década de idade;
– os de uso crônico que começaram o consumo na adolescência precoce, mantiveram na década dos 20 anos e continuaram nos 30.
os que começaram mais tardiamente (fim da adolescência e começo da vida adulta) e mantiveram o consumo em forma infrequente, mas consistente já adultos.

A pesquisa mostra que o uso no passado de maconha dos pais aumenta o risco dos filhos. Os resultados mostram a influência desta situação em relação ao uso de álcool, tabaco e maconha; atitudes em relação ao uso de maconha; problemas de atenção e resultados escolares quando os filhos estavam entre 6 e 21 anos de idade.
Comparados com os não usuários, aqueles que limitaram seu uso na adolescência ou mantiveram cronicamente o contato com a droga, seus filhos tiveram de 2,5 a 4,4 vezes mais possibilidade de usarem eles próprios a substância e 1,8 a 2,75 vezes mais de usar álcool. Os filhos de usuários crônicos foram mais propensos ao uso de tabaco, a terem uma visão favorável em relação à maconha, apresentaram alterações de conduta e piores resultados escolares.


A Dra. Epstein declara que os resultados da pesquisa mostram que o padrão de uso dos pais afeta os resultados dos filhos, principalmente em relação ao uso de maconha por parte deles e atitudes em favor da droga.


Pelo fato de nos EUA terem legalizado a droga em alguns estados, com aumento de consumo de maconha, o efeito do uso anterior ou atual dos pais e seu efeito sobre os filhos, tem se transformado numa preocupação de alta significação em saúde pública. O trabalho conclui chamando a atenção não só para o uso atual de maconha por parte dos pais senão para seu histórico de consumo.
“Este campo precisa ser mais diferenciado e como o uso de maconha e manejado nas pesquisas e definições clínicas”, Dra. Marina Epstein.